O Crescimento e Aquecimento da Economia do Brasil


A bola da vez é o superaquecimento da economia. Os números confirmam o que já era consenso entre os analistas: a economia andou em ritmo acelerado nos primeiros meses do ano no Brasil. Muitos analistas prevêem que o crescimento em 2010 será de 7%, a maior taxa desde 1986. Sem dúvida bons ventos sopraram sobre a economia demonstrando que o país está a todo vapor. Nos últimos 16 anos o Brasil se dispôs a lutar e vencer importantes obstáculos. O regime de metas para inflação, o câmbio flutuante, as reservas cambiais, a formação de um forte mercado interno e a expansão do crédito sem dúvida exerceram papéis de protagonistas no desempenho econômico. O Brasil ocupa a segunda posição entre os países do grupo dos BRICs com crescimento anualizado de 9% nos primeiros meses de 2010, atrás somente da China com 11,9%. Segundo o Ipea, oBrasil pode ser a quinta economia do mundo na próxima década. Além de crescer economicamente, o Brasil deve se transformar também na quinta melhor sociedade, do ponto de vista do padrão de bem-estar social. Chegou o momento brasileiro.

É claro que existem alguns gargalos que precisam ser urgentemente solucionados. O bom desempenho da economia foi refletido diretamente no mercado de trabalho.

Os Estados que apresentaram os maiores aumentos, em termos relativos, foram Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. O Estado de São Paulo teve a maior geração de empregos em números absolutos do Brasil, com 545.743 postos ou aumento de 5,09%. Em seguida vem Minas Gerais, que gerou 232.572 postos, ou crescimento de 6,64%.

Tradicionalmente, o segundo semestre é mais aquecido e as contratações são maiores neste período. As empresas de Minas Gerais estão otimistas quanto às contratações no segundo semestre de 2010 com expectativa de aumento ainda maior de emprego no estado, a segunda maior do país. A capacidade instalada da indústria de transformação deve avançar em média 14,6% este ano, o maior percentual de expansão dos últimos 8 anos. O setor automotivo vive momento de grande recuperação, com aumento de 10,5% em relação ao ano passado. Segundo pesquisas o Brasil já ocupa a quarta posição no ranking mundial de vendas de carros, superando a Alemanha que ocupou essa posição por 7 anos. A Fiat com fábrica na região metropolitana de Belo Horizonte e líder no segmento de automóveis no Brasil, com 23% do total de veículos comercializados no mercado brasileiro, abrirá 1.000 postos de trabalho para garantir aumento na produção, cuja média diária de montagem passará de 2.920 mil para 3.110 mil unidades. O mercado de caminhões estima crescer 15% em 2010 com vendas no mercado interno podendo superar o recorde de 2008. A construção civil neste ano deve bater o recorde histórico na criação de vagas, que foi atingido em 2008.

O crescimento do PIB mineiro no primeiro trimestre frente a igual período do ano anterior, foi de 12,2% superando, portanto a alta nacional, que foi de 9%. Todo esse crescimento irá gerar mais empregos.

O ano de 2010 mostra-se com um cenário bastante positivo também em termos de contratação de executivos. A demanda por executivos no Brasil dobrou segundo pesquisas. O dado confirma a expectativa de crescimento da economia brasileira. As empresas estão contratando mais diante das perspectivas favoráveis. Os segmentos de infra-estrutura, de bens de consumo, de petróleo e gás e mercado de capitais também devem se destacar no mercado de contratação de executivos. Os maiores investimentos devem ser direcionados para rodovias, portos, ferrovias, aeroportos, estádios, assim como toda a indústria diretamente relacionada a esses segmentos. Por conta da descoberta da camada do pré-sal, o mesmo deve ocorrer no segmento de petróleo e gás.

Há vagas de sobra e profissionais em falta. A demanda por executivos qualificados está muito acima do que o Brasil é capaz de oferecer. Isso gera uma ultra-competição por talentos, aumentando as compensações oferecidas aos indivíduos que apresentem as competências essenciais para o novo momento da economia brasileira. Devido à escassez de bons gerentes de média liderança no mercado, há uma disputa muito acirrada pelos profissionais que se destacam. Entre os principais motivos desta fase de ouro no mercado executivo estão a enorme quantidade de empresas abrindo capital na Bovespa, a corrida pelo etanol, os investimentos no agronegócio, a explosão do setor imobiliário com a fartura de crédito, o aumento do consumo interno e a demanda crescente por serviços.

Além das dificuldades relacionadas à infra-estrutura, logística, altos impostos e legislação trabalhista atrasada e leis ambientais cada vez mais rígidas, o Brasil é um dos países em que empregadores mais encontram dificuldades na hora de contratar. O Brasil tem uma das forças de trabalho mais competitivas do mundo, mas que precisa ser expandida. Nos últimos anos, as empresas e universidades no Brasil não formaram gente suficiente para atender à nova demanda. Para fazer frente a esse cenário, as companhias brasileiras precisam se preparar para reter talentos e criar outros atrativos, além dos financeiros, que mantenham os colaboradores alinhados com o crescimento da empresa.

Um dos desafios para os executivos de RH no desenvolvimento de lideranças é garantir a transmissão de conhecimento entre as gerações de executivos. Hoje uma das principais preocupações dos executivos é preparar o sucessor e um fator determinante, na visão das empresas, para o sucesso de seu programa de desenvolvimento de lideranças é o coaching. As empresas precisam trabalhar mais arduamente para recrutar as pessoas certas e segurar os talentos que já possuem.

Houve um avanço expressivo nos últimos dez anos na evolução da gestão empresarial no Brasil. Há uma grande disponibilidade das corporações em investir na governança nos últimos anos houve também um grande amadurecimento do empresário brasileiro. A mentalidade do empresariado brasileiro está mudando para melhor. Diversos estudos mostram que a busca da inovação, a adoção de práticas transparentes de gestão, a responsabilidade social e a conquista do mercado exterior estão moldando um novo ambiente corporativo, onde o sucesso é perseguido sem abandonar a ética. Há fortes indícios de que a indústria brasileira elevou seu padrão de competitividade, com base na configuração de uma nova visão empresarial. Essa nova liderança empresarial investe em tecnologia, qualidade e transparência. O fruto disso, como produto das melhores práticas, é também a geração de mais empregos e oportunidades. O caminho lógico de uma empresa bem gerida e que investe em tecnologia é a busca da competitividade. Isso se dará apenas se as pessoas estiverem engajadas e concientes de seu papel na competitividade da empresa. Tendo em visa este aspecto o grande desafio passa a ser a atração, retenção e desenvolvimento de pessoas que favoreçam a aplicação dos princípios de ética, transparência e confiabilidade. Pessoas que irão colocar em prática os objetivos da empresa, visando proteger seu patrimônio, maximizar o retorno do investimento e cultivar os seus valores, suas crenças e seus propósitos.

Brasil integra o grupo de países emergentes de destaque e no centro desse cenário, estão os executivos, que contam com o reconhecimento externo e alimentam a exportação de mão de obra especializada para diferentes países. A carência de profissionais não acontece só aqui. O prolongado período de crescimento mundial, tido como o maior da história, tem espalhado o problema pelos quatros cantos do mundo. Isso fez com que os melhores executivos brasileiros passaram a ser procurados por empresas de todos os continentes. Segundo pesquisas o Primeiro Mundo importa pessoal e nos últimos 40 anos, um milhão de pessoas com formação universitária migrou de países da América do Sul, Central e Caribe para outros de economias mais avançadas. Ou seja, exportamos muitos talentos e ficamos com escassez de mão-de-obra qualificada. Os anos de turbulências da economia brasileira forjaram executivos fortes, atentos, criativos e flexíveis a situações adversas, um perfil valorizado no atual cenário de profundas mudanças no mercado externo e de globalização da força de trabalho. Entretanto, esse reconhecimento poderá gerar problemas internos em médio e longo prazos, caso as empresas não sejamos capazes de reter nossos talentos e reforçar valores éticos que buscam o crescimento da coletividade empresarial.

Hoje vários segmentos já demandam mais executivos e talentos do que efetivamente conseguem localizar e contratar no mercado local. As empresas estão tendo dificuldades para preencher posições de alto nível. Nem o país nem as próprias companhias estão formando esses profissionais na quantidade que necessitam. Além disso, a crise financeira mundial elevou as exigências corporativas em relação às contratações. Além de conhecimento técnico, as empresas buscam pessoas com competências como forte liderança de equipes e capacidade de influenciar pessoas e conduzir processos de mudança. A dificuldade em encontrar profissionais com tais características é bem evidente. Além de lideranças, o mercado tem buscado também mais especialistas, isto é, profissionais com um perfil técnico e formação específica para realizar determinadas funções, principalmente engenheiros, profissionais de tecnologia da informação e de saúde. A falta de gente qualificada para ocupar algumas posições é tão grande que as empresas de executive search estão tendo que repatriar executivos brasileiros que trabalham no Exterior. Algumas empresas estão trazendo executivos de suas subsidiárias em outros países para o Brasil e em alguns casos, os salários no Brasil chegam a ser maiores. Os pacotes estão compatíveis com os pagos em Nova York e Londres. Estamos importando gente da Argentina, Chile, Peru, Angola, Portugal, Espanha, Itália e agora, até gregos, estão enviando currículos. Importamos gerentes e executivos. As multinacionais brasileiras que tinham executivos no exterior estão trazendo-os de volta, pois as oportunidades de crescer, faturar, rentabilizar, estão mais aqui que lá fora.