O empreendedorismo precisa de pessoas com mentes inquietas

O empreendedorismo precisa de pessoas com mentes inquietas

Empreendedor tem que se preparar e estudar para conseguir inovar em um negócio

Por Silvia Valadares - 02/03/2015
A empresa pode transformar problemas em inovação (Foto: Divulgação)

Quando adolescente, as pessoas mais sabidas que eu conhecia haviam passado em concurso público. Era algo admirável ser funcionário do Banco Central, procurador da república, juiz federal. Os meus amigos mais brilhantes passaram muito cedo nesses concursos. Alguns abandonaram, outros continuam fazendo um excelente trabalho.
Para minha felicidade e para o bem do país, o que vejo hoje são mentes inquietas e determinadas a empreender. Elas e Eles querem resolver os problemas do país, do mundo, de uma área específica, de uma profissão. É como olhar para algo que vem sendo feito da mesma maneira com um olhar diferente e se perguntar... porque não tentar de outra forma?
Esse é também o lado romantizado do empreendedorismo, uma vez que nem todos querem ser disruptivos e sim donos do seu nariz e das suas prioridades. E nem só de startups, empresas de tecnologia vive o empreendedorismo brasileiro. Aliás, este é um nicho, sempre bom ressaltar, que está apenas começando. Muita coisa já aconteceu, mas muita coisa precisa acontecer para termos um ecossistema maduro.
Mas de verdade, isso é infraestrutura que o país precisa fornecer, não é o mais importante. O que é fundamental é manter o jovem sonhando com a possibilidade de ser famoso, rico, especial e, o mais factível, ter uma experiência formidável e conhecer pessoas interessantes. É uma jornada que precisa de bons enredos para atrair mais e mais aventureiros.
No entanto, a maioria dos empreendedores querem apoio para montar seu pequeno negócio, sua franquia, sua loja virtual. Os quatro dias que passamos na Feira do Empreendedor, comandando um dos maiores estantes do evento, senão o maior, foram elucidativos, até para quem trabalha com empreendedorismo há mais de dez anos.
Eram milhares de pessoas ansiando por esclarecimento. Como dona de estande que estava dando brinde, confesso que alguns estavam ali ouvindo palestra de nuvem para ganhar um squeeze do Windows. A melhor resposta que ouvi na minha vida sobre tecnologia veio de um desses errantes. O que é o Bing, perguntei. A resposta pronta: acho que é o irmão do Google, não? Eu ri. Ganhou camisa e caneca, lógico.
Mas isso é folclore. O que me surpreendeu foi o nível de perguntas sobre serviços de computação em nuvem. Essas pessoas querem saber como fazer backup, qual o custo, como otimizar os serviços em várias plataformas. Estamos falando de pequenos, micro, nano empreendedores interessados em tecnologia.
Por outro lado, todos os serviços oferecidos com humor pelo Sebrae me deixaram animadas. Tinha plantão para regularizar a empresa, abrir CNPJ, pequenas consultorias etc. O Sebrae acertou muito ao transformar a feira em um evento anual. Mais de 100 mil pessoas. Algumas pessoas criticam por dizer que os serviços oferecidos são genéricos. Mas há uma base entre todos os negócios, digitais ou não, que continuam ditando a regra: fluxo de caixa, gerenciamento de pessoas, logística, pesquisa de mercado, entre outros. 
Sem isso, até o mais aclamado dos startupeiros, aquele que acha que a vida vai ser fácil só porque vive nas páginas de revistas, entrará para a lista dos fracassos. Empreendedor que se preze tem que se preparar, estudar, se atualizar como os funcionários públicos fizeram/fazem para passar em concurso. Viva o país dos empreendedores, que foi um dia o país dos concurseiros.